CR7, Kevin Roldan e os 4-0 do Atlético!

Nos últimos dias muito se tem falado da festa do trigésimo aniversário de Cristiano Ronaldo. Dois acontecimentos estão na base de inúmeras notícias na comunicação social. O primeiro reporta ao facto da celebração dos 30 anos do craque português se ter realizado na noite do dia em que o Real Madrid foi goleado por 4-0 pelos rivais do Atlético. O segundo motivo refere-se à partilha pelo cantor Kevin Roldan dos momentos da festa, onde, como o próprio nome indica, as pessoas se divertem e CR7 não é exceção.

Os adeptos não ficaram satisfeitos por ver que os jogadores do Real Madrid, e principalmente a sua estrela maior, estavam em modo de celebração, quando eles, por sua vez, ficaram com o dia estragado após uma das maiores humilhações de sempre.

Penso que temos de analisar este caso sob dois prismas: o primeiro, na ótica daquilo que é ou deve ser o comportamento de uma figura pública, e o segundo na perspetiva daquele é que um dos fatores fundamentais na comunicação/produção de conteúdos – o contexto.

Relativamente ao primeiro ponto, devemos pensar naquele que é o papel de uma figura pública. Pela influência que move na sociedade enquanto role model de sucesso, perseverança e trabalho, CR7 é, talvez, uma das figuras públicas mais vigiadas do mundo. Com ele, os cuidados têm de ser redobrados, não porque haja algo propriamente a esconder, mas sim porque existe uma imagem associada a uma identidade com a qual uma grande audiência se identifica e tem sentimentos aspirativos. Contudo, esta “proteção” não significa que não possamos ver estas figuras públicas como seres humanos. Afinal, se um dia de trabalho nos corre mal, devemo-nos forçar à reclusão? Ou, pelo contrário, devemos rodearmo-nos de energias positivas e recuperar para o desafio que vai ser o dia seguinte? Não é fácil gerir um momento como este. E talvez a melhor forma de o superar, no que diz respeito aos fãs do Real Madrid, seja não dizer nada, não dar grande importância. Por outro lado, dizer algo (entenda-se, produzir conteúdo sobre o assunto nos canais oficiais de Ronaldo) poderia ser também uma forma de humanizar a marca de Cristiano, aproximando-o ainda mais dos seus próprios fãs e dos fãs do clube que representa.

Agora o segundo aspeto, o contexto. Provavelmente se o Real Madrid tivesse ganho o derby local ninguém ligaria muito aos posts do colombiano Kevin Roldan. Mas como não foi isso que aconteceu, de repente caiu tudo em cima do CR7 e de mais alguns colegas de equipa. Pelo que tenho visto/lido, os adeptos não gostaram muito da situação. Mas após a poeira acalmar, o que começamos a ver são adeptos a defenderam Cristiano. Porque ele também é como nós. É um de nós. Então, perguntam eles, porque é que não devia celebrar o seu aniversário?

Como sabemos o desporto é um campo extremamente emocional. Num minuto, tudo pode mudar. Para pior ou melhor. Não tenho uma resposta certa ou solução definitiva para esta situação. Pelo contrário, continuo a achar que o bom senso e a nossa intuição é, muitas vezes, a resposta correta.