Novas estratégias de marketing para os clubes de futebol

Qualquer organização, desportiva ou não, já percebeu que o digital será, ou já é, um importante touch-point com o seu target. Nesse sentido, integrar o digital dentro da organização e da sua estratégia de forma transversal a todos os departamentos é fundamental para o seu sucesso. O digital não deve ser visto como o canal privilegiado (cada caso é um caso e, naturalmente, os objetivos definidos poderão determinar a sua maior ou menor preponderância), mas sim como a base a partir da qual a estratégia de marketing e comunicação de um clube, independentemente da sua dimensão, deve ser construída.

Existem muitos fatores que justificam uma visão mais blended da estratégia, devendo o seu denominador comum ser o aumento do volume de negócios/faturação da marca em causa, uma vez que o digital é relevante apenas se se traduzir em negócio.

Neste artigo enumero quatro razões que me parecem fundamentais para uma maior aposta neste canal:

1.O digital como um canal privilegiado para a distribuição da marca e respetivos outputs de comunicação, vulgo conteúdos, do clube. O alcance e interação conseguidos neste meio não tem paralelo nos media tradicionais, na medida em que a audiência disponível para consumo destes outputs é enorme (mesmo que tenha de se investir em paid media para aumentar o reach);

2.O digital como um canal para acesso a conteúdo exclusivo. Casos como a app do FC Porto para os detentores de lugar anual (https://app.fcporto.pt) ou o recente lançamento do novo site do Sporting, que na fase beta apenas permitiu o acesso a sócios, são exemplos de que determinado tipo de conteúdos apenas está disponível, pelo menos numa fase inicial, para os fãs mais leais do clube;

3.O digital como um canal relevante para a co-criação de campanhas conjuntas entre marcas patrocinadoras do futebol e os clubes, de que são exemplos a Prozis e a Sagres, que continuamente, e de forma conjunta com os clubes, criam campanhas que respeitam os valores e posicionamento dos clubes que patrocinam, criando uma maior identificação da massa adepta destes com a respetiva marca;

4.O digital como forma de medir mais eficientemente o ROI. Seja através de plataformas terceiras (redes sociais, por exemplo) ou próprias, o digital permite-nos analisar de forma mais assertiva que o offline o retorno que os diversos players (marcas e clubes) intervenientes estão a ter, permitindo-lhes tomar decisões mais equilibradas e corretivas no decorrer das ativações conjuntas.

Pensar de forma integrada e de acordo com o contexto da marca que represento e quero alavancar é fundamental para se atingir o sucesso. E este contexto é marcado, de uma forma crescente, pelo maior consumo de conteúdos e tempo despendido no digital. Diria por isso: “embrace digital or die”.

 

Artigo escrito para a Desporto & Esport, edição 9 (págs 65 e 66)